quarta-feira, 29 de dezembro de 2010


Não quero pensar no que deixou de ser feito, no que não aconteceu, naquilo que sonhei e não virou realidade, nos projetos que não aconteceram como desejava, nos planos todos que atravessaram 2010 sem serem importunados, nas realizações que tanto aguardei e não chegaram a tempo, nas inúmeras tentativas de não falhar...e falhei, nas incontáveis vezes em que fui tocado pela realidade e não reagi...tudo agora é passado, tudo ficou em 2010.
Pensando assim, só resta hastear mais uma vez a bandeira branca da paz, a verde da esperança, a azul da alegria e continuar lembrando sempre que a estrada se faz ao caminhar. E é numa estrada de realizações que desejo caminhar no ano novo que vem chegando, junto com os que me são especiais, pertinho dos que me querem tanto bem, coladinho aos que amo até o resto de meus dias.
Um iluminado e brilhante 2011 aos que me lêem, aos que me conhecem, aos que um dia conhecerei, aos que são tão essenciais que não vivo sem.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Adelia e Marta

A SERENATA
 
Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobro
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
— só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?         
                                                                           ( Adélia Prado )
Estou no começo do meu desespero e só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa.
São versos de Adélia Prado, retirados do poema “A serenata”.
Ele narra a inquietude de uma mulher que imagina que mais cedo ou mais tarde um homem virá arrebatá-la, logo ela que está envelhecendo e está tomada pela indecisão – não sabe como receber um novo amor não dispondo mais de juventude.
E encerra: “De que modo vou abrir a janela, se não for doida? Como a fecharei, se não for santa?”
Adélia é uma poeta danada de boa.
E perspicaz.
Como pode uma mulher buscar uma definição exata para si mesma estando em plena meia-idade, depois de já ter trilhado uma longa estrada, onde encontrou alegrias e desilusões, e tendo ainda mais estrada pela frente?
Se ela tiver coragem de passar por mais alegrias e desilusões – e a gente sabe como as desilusões devastam –terá que ser meio doida.
Se preferir se abster de emoções fortes e apaziguar seu coração, então a santidade é a opção.
Eu nem preciso dizer o que penso sobre isso, preciso?
Mas vamos lá. Pra começo de conversa, não acredito que haja uma única mulher no mundo que seja santa.
Os marmanjos devem estar de cabelo em pé: como assim, e a minha mãe???
Nem ela caríssimos, nem ela.
Existe mulher cansada, que é outra coisa.
Ela deu tanto azar em suas relações que desanimou.
Ela ficou tão sem dinheiro de uns tempos pra cá que deixou de ter vaidade.
Ela perdeu tanto a fé em dias melhores que passou a se contentar com dias medíocres.
Guardou sua loucura em alguma gaveta e nem lembra mais.
Santa, mesmo, só Nossa Senhora, mas, cá entre nós, não é uma doideira o modo como ela engravidou?
(Não se escandalize, não me mande e-mails, estou brin-can-do.)
Toda mulher é doida. Impossível não ser.
A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder de sedução para encontrar the big one, aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais.
Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo?
Mas além disso temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir de vez em quando que somos santas,
ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca,
pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio pirata comandado pelo Johnny Depp,
ou então virar louca e cafetina, ou sei lá, diga aí uma fantasia secreta,
sua imaginação deve ser melhor que a minha.
Todas as mulheres estão dispostas a abrir a janela, não importa a idade que tenham.
Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota.
Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora.
E santa, fica combinado, não existe.
Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada?
Você vai concordar comigo: só se for louca de pedra.
(Marta Medeiros)


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Arvore Encantada de Meus Amores

Quisera Senhor, neste Natal, armar uma árvore
dentro do meu coração e nela pendurar em vez de
presentes, os nomes de todos os meus amigos.
Os amigos de longe e de perto. Os antigos e
os mais recentes. Os que vejo a cada dia e os
que raramente encontro. Os sempre lembrados
e os que às vezes ficam esquecidos.

Os constantes e os intermitentes. Os
das horas difíceis e nos das horas alegres,
os que sem querer, eu magoei, ou,
sem querer me magoaram. Aqueles a quem
conheço profundamente e aqueles de quem não me
são conhecidos , a não ser as aparências. Os que
pouco me devem e aqueles a quem muito devo. Meus
amigos humildes a meus amigos importantes. Os nomes
de todos os que já passaram pela minha vida.

Uma árvore
de muitas raízes muito profundas para que seus nomes nunca
mais sejam arrancados do meu coração. De ramos muito extensos,
para que novos nomes vindos de todas as partes, venham
juntar-se aos existentes. De sombras muito agradáveis
para que nossa amizade, seja um aumento de repouso nas lutas
da vida.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL!!!

Até que não se sinta a verdadeira alegria de Natal, ele não existe. São só aparencias, são enfeites.





Porque não se trata dos presentes, da neve, da arvore ...
O Natal é o calor que retoma o coração das pessoas,
é a generosidade que se compartilha,

                                                          é a esperança de seguir em frente.

FELIZ, FELIZ NATAL

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Texto impecável do site da Sorria!!

Onde Você Gasta o
Seu Não Tempo ???

Esse texto é dedicado ao poeta Manoel de Barros


- Vó?
- Oi!
- Por que as pessoas sempre dizem que estão sem tempo?
A Vovó sabia muito bem que aquilo era uma alusão a uma queixa muito frequente do pai de sua neta, seu genro, que, segundo ele, estava sempre "muito sem tempo" mas era capaz de ficar horas na frente de uma televisão em uma tarde de Domingo.
- As pessoas tem muitos problemas com o tempo, meu bem...
- Como assim?
- As pessoas estão sempre brigando com o tempo, minha querida. Parecem aquele coelho de Alice; É tarde, é tarde, é muito tarde...
- E por que estão sempre correndo atrás do tempo?
- Parece que estão correndo atrás, mas na verdade estão fugindo do tempo, meu bem...
A menina fez um muxoxo. Estava entendendo cada vez menos aquela história. Isso, como sempre, não passou despercebido de sua avó.
- Vou contar uma historinha para te ajudar a entender esse asssunto, tá bom?
- Oba!
- Era uma vez um Reino onde o tempo saiu dos eixos.
- Como assim?
- É como se o tempo rodasse encima de um eixo de roda. De repente, o senhor do Tempo deu uma pequena cochilada e o tempo começou a sair do seu eixo principal. As pessoas do Reino a princípio não percebram o que ocorria, mas com o tempo girando em falso no seu eixo, não demoraram a acontecer algumas coisas estranhas.- O que aconteceu?
- Um profeta maluco subiu até o alto da maior montanha e gritou; o Senhor do Tempo está morto! O senhor do Tempo está morto!
- E o que aconteceu com as pessoas?
- Elas começaram a se comportar de forma muito estranha: algumas pessoas passaram a viver do passado, outras começaram a tentar controlar o futuro. As pessoas que adoravam o passado começaram a se reunir para trocar suas histórias. Como elas tinham chegado até ali? Quem era o culpado pela sua infelicidade? Elas descobriram que seus pais estavam errados, os homens estavam errados, as mulheres estavam erradas, os governantes estavam errados. Todos estavam muito errados, e no Passado estava os culpados pelas coisas ruins que acontecem no dia de hoje. Presidentes poderiam jogar bombas em uma país indefeso cheio de pessoas ignorantes, para depois dizer que tinha sofrido abuso de uma tia desequilibrada, que nunca deixou-os ganhar o seu pônei! Como eles não tinham conseguido o seu pônei, então agora precisava comandar várias ogivas nucleares e várias bombas, que às vezes caíam em cidades cheias de crianças inocentes e aí eles falavam: desculpe, foi mal, erramos... As pessoas que viviam de passado fundaram uma Sociedade de Vítimas, e passaram a fazer ações de milhões e milhões de dólares para punir os culpados.
- E quem eram os culpados?
- Qualquer um, desde que tivesse muita grana.
- E os controladores do Futuro?
- Esses eram ainda piores. Como a pestana do Senhor do Tempo parecia muito demorada, os controladores do futuro passaram a ditar as regras de como as pessoas deveriam experimentar o tempo. Os caras fundaram o Partido do Donos do Amanhã, e passaram a dizer para todo mundo como seria o dia de amanhã.
- E comos seria o dia de amanhã para eles?
- Isso não importa muito. O que realmente importava é que o dia de amanhã fosse sempre muito ruim: vai faltar emprego, vai faltar comida, vai faltar luz elétrica, preparem-se para o pior, o bicho papão está sempre para te pegar. As pessoas daquele reino que passaram a obedecer os donos do amanhã começaram então a ficar com muitos medos: medo de perder o emprego, medo de ficar sem a TV a cabo, medo de sofrer algum tipo de violência da parte do bicho papão da semana.
- E o que é o bicho papão da semana?
- É o vilão da semana, o cara que entraria como bicho papão para aterrorizar a moçada. Numa semana era o dragão da Inflação, na outra era do desemprego, na outra a Violência urbana. Os Donos do Amanhã tomaram posse das rádios, da TV e dos jornais para dominarem o amanhã por medo do amanhã. Você entendeu?
- Entendi e conheço um reino muito parecido com esse...
- Porque você é uma menina muito, muito esperta... Aliás, foi uma menina como você que começou a mudar as coisas naquele estranho reino.
- Como assim?
- Uma menina da sua idade começou a fazer perguntas para os velhinhos, que estavam à margem de toda aquela bagunça.
- Por que os velhinhos estavam à margem de tudo?
- Porque eles sabiam que não adiantava entrar para o Partido da Vítimas, senão logo ouviriam: é mais um velhinho se fazendo de vítima. Nem adiantava entrar para os Donos do Amanhã, porque eles achavam que as pessoas com mais de quarenta anos já eram muito velhas, imagine os velhinhos mesmo! Para eles, não tinha amanhã.
- Coitados.
- Coitados nada. Por não poder ficar naquela bobagem de recuperar erros passados, ou fuxicar no futuro, os velhinhos descobriram uma coisa muito boa, que ensinaram para a menina.
- O que eles ensinaram para ela?
- Ensinaram a brincar de Não-Tempo.
- E como é que se brinca de Não-Tempo?
- É um jogo assim: pegue as coisas mais inúteis que existem na sua casa. Uma máquina de escrever, por exemplo.
- E aí?
- Aí você brinca de desescrever um livro. Depois você pega uma bola furada e começa a não fazer gols com ela. Depois você pega outra bola e joga para seu cachorrinho que vai trazê-la de volta, e aí você joga uma bola invisível e brinca de procurá-la durante muito tempo.
A menina olhou com cara de que estava ouvindo bobagem.
A Vovó, claro, percebeu.
- Aquela menina, ao contrário de você, gostou da brincadeira, e saiu ensinando as pessoas de sua escola a brincar de não tempo. Isso causou um certo problema, porque as crianças já estavam muito agendadas: tinham aula de Inglês, Francês, Alemão, Judõ, Caratê, Expressão Artística, Computação Gráfica, Física Nuclear e, claro, aulas de Técnicas de Gerenciamento do Tempo, para Uma Brilhante Carreira Amanhã. Como elas começaram a brincar de não tempo, não dava tempo para ir em nenhuma dessas atividades. Os Donos do Amanhã se preocuparam; o que vai ser do futuro dessas crianças sem um Mestrado aos doze anos? Mas, como uma epidemia, as crianças e os velhos começaram a brincar de não tempo, e estranhamente, sem atropelo, ou dúvidas, conseguiam fazer tudo. Era incrível como o tempo rendia para aquelas pessoas! As crianças conseguiam estudar, fazer lição de casa e se dedicarem a sua profissão, que é serem crianças. Os velhinhos passaram a ser consultados e, como uma epidemia, as pessoas começaram a parar de querer, querer, querer... Planeja, planejar, planejar. Os profetas do Amanhã gritavam: Mãos à Obra! Aprendam a trabalhar sob Pressão! Produzam, produzam, produzam ou morram! Mas ninguém mais estava ouvindo, porque a televisão já estava mostrando a famosa receita do bolo de amora de uma Vovó, como eu e ninguém queria perder as horas que levavam para o bolo ficar pronto. Finalmente foi fundado um novo partido, o Partido do Presente, mas só podia entar no partido quem não tentasse controlar nem o Passado, nem o Futuro. Ninguém mais viu o Coelho de Alice correndo atrás do tempo depois daquele dia.
- Mas e o senhor do Tempo?
- O que que tem?
- Não acordou do seu sono?
- Acordou e achou muita graça de tudo. Só que notou algo muito estranho...
- O que?
- O Tempo tinha voltado sozinho para o seu Eixo.
A menina fez menção de perguntar mais alguma coisa, mas percebeu as mãos cheias de nós da vovó fazendo o tricô de uma malha. Fez menção de lembrá-la que o inverno já se virava em Primavera, portanto aqule malha não teria utilidade. Quando foi abrir a boca, subitamente interrompeu a frase e se calou.
- Você ía dizer alguma coisa, meu bem?

- Nada não, Vó. Nada não.
- Aonde você está indo?

- Vou brincar de pegar borboleta sem rede.

A Vovó sorriu, e seu sorriso estava empapuçado de Tempo.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Ser chique....

Nunca o termo "chique" foi tão usado para qualificar pessoas como nos dias de hoje.
A verdade é que ninguém é chique por decreto.
E algumas boas coisas da vida, infelizmente, não estão a venda. Elegância é uma delas.
Assim, para ser chique é preciso muito mais que um guarda-roupa ou closets recheados de grifes famosas e importadas.
Muito mais que um belo carro importado.
O que faz uma pessoa chique, não é o que essa pessoa tem, mas a forma como ela se comporta perante a vida.
Chique mesmo é quem fala baixo. Quem não procura chamar atenção com suas risadas muito altas, nem por seus imensos decotes e nem precisa contar vantagens, mesmo quando estas são verdadeiras.
Chique é atrair, mesmo sem querer, todos os olhares, porque se tem brilho próprio.
Chique mesmo é ser discreto, não fazer perguntas ou insinuações inoportunas,nem procurar saber o que não é da sua conta.
Chique mesmo é parar na faixa de pedestre e evitar se deixar levar pela mania nacional de jogar lixo na rua.
Chique mesmo é dar bom dia ao porteiro do seu prédio e às pessoas que estão no elevador. É lembrar do aniversário dos amigos.
Chique mesmo é não se exceder jamais! Nem na bebida, nem na comida, nem na maneira de se vestir.
Chique mesmo é olhar nos olhos do seu interlocutor. É "desligar o radar" quando estiverem sentados à mesa do restaurante, e prestar verdadeira atenção a sua companhia.
Chique mesmo é honrar a sua palavra, ser grato a quem o ajuda, correto com quem você se relaciona e honesto nos seus negócios.
Chique mesmo é não fazer a menor questão de aparecer, ainda que você seja o homenageado da noite!
Mas para ser chique, chique mesmo, você tem, antes de tudo, de se lembrar sempre de o quão breve é a vida e de que, ao final e ao cabo, vamos todos retornar ao mesmo lugar, na mesma forma de energia.
Portanto, não gaste sua energia com o que não tem valor, não desperdice as pessoas interessantes com quem se encontrar e não aceite, em hipótese alguma, fazer qualquer coisa que não te faça bem. Lembre-se que o diabo parece chique, mas o inferno não tem qualquer glamour!
Porque, no final das contas, chique mesmo é ser feliz.
Muito feliz!!

(Ser adoravel que me mandou esse texto, OBRIGADA...Ja falei que Papai do Céu cuida bem de mim, me dá de presente só pessoas assim, chiques demais.)